Goste ou não da carreira de Courteney Cox, ponha isso um pouco de lado para me ler te falar sobre o novo trabalho dela, a comédia de horror (sim, isso mesmo) Shining Vale.
E digo isso porque a série é bastante promissora e, ainda por cima, traz no elenco a vencedora do Oscar Mira Sorvino e o indicado à estatueta Greg Kinnear. Mas, vamos ao que interessa.
Uma comédia de horror complexa
O enredo de Shining Vale brinca com o gênero horror sem, no entanto, fazer troça dele, e até se permitindo alguns arrepios. Ela acompanha a família Phelps, que acaba de se mudar do Brooklyn para uma pequena cidade para morar numa casa assustadora – e bastante caricata.
Patricia (Courteney Cox) é uma escritora de livros de empoderamento feminino, segmento jocosamente taxado de “pornografia feminina”, que enfrenta inúmeros dilemas em sua vida pessoal e profissional.
Ela traiu seu marido Terry (Greg Kinnear), não consegue elaborar um novo livro para o qual já recebeu um adiantamento e cuja editora lhe cobra a entrega, e que está completamente convencida de estar passando por uma depressão severa.
‘Shining Vale’ esconde importante trunfo
Desde a abertura do episódio piloto, Shining Vale deixa claro um detalhe: há humor, há horror, mas há, também, a busca de trazer implícita uma crítica ao retrato feito das mulheres ao longo dos séculos.
Shining Vale deixa claro um detalhe: há humor, há horror, mas há, também, a busca de trazer implícita uma crítica ao retrato feito das mulheres ao longo dos séculos.
A inspiração em O Iluminado não parece à toa, mas proposital, para dar roupagem, a partir do humor, a uma discussão atual sobre o que a sociedade pensa de mulheres que não aceitam uma posição de submissão.
Como Jack Torrance, a ida para um lugar ermo na esperança de curar um bloqueio criativo, instalando-se com a família numa imensa casa assustadora. Mas há mais.
Equilíbrio é tônica da série
Esse balanço entre humor e horror, que, como Caroline Frambo aponta na Variety, rememora os bons tempos de American Horror Story, e vai além, porque tange outras possibilidades com um senso de humor bem apurado, sem se esquivar de tratar temas sérios.
https://www.youtube.com/watch?v=wj18QqNXI2c
Não à toa, há um episódio chamado “The Yellow Wallpaper”, numa singela homenagem a Charlotte Perkins Gilman e seu icônico livro, O Papel de Parede Amarelo, apresentando uma metáfora cheia de camadas sobre os conflitos internos que as mulheres enfrentam e quão aprisionante pode ser viver essa realidade.
Não é irretocável, mas foge ao que todos esperávamos ver da atriz que fez história em Friends e apresenta uma Courteney Cox que sabe fazer rir, nem que para isso precisemos rir dela. Por último e não menos importante, um papel que definitivamente não seria seu sem seu histórico em Pânico e sem o lado irritante de Mônica.
A estreia oficial no Starzplay será no próximo domingo, sendo a série exibida semanalmente, sempre neste dia, com um total de oito episódios para a primeira temporada.
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