A nova temporada de The Voice Brasil era muito esperada, especialmente desde o momento em que a troca de Claudia Leitte por Ivete Sangalo foi anunciada. Desde ontem, Ivete segue no formato principal do programa, enquanto Claudia assume o posto no The Voice Kids.
Talvez cientes do burburinho gerado pela substituição, a produção do programa evitou dar muita ênfase à chegada da cantora ao programa, excetuando-se um momento em que Tiago Leifert fez questão de exibir uma cena do episódio de apresentação da nova temporada, exibido exclusivamente no serviço Globo Play. Na cena em questão, Ivete canta após anunciar que estava grávida de gêmeos – situação, aliás, que motivou uma piada da cantora durante uma das audições às cegas.
O fato é que Ivete pareceu um pouco sem luz, acanhada, ainda procurando se encontrar na nova empreitada. A chegada da baiana é a segunda mudança realizada no time de técnicos. Se o objetivo da produção (e da Rede Globo) é alavancar a audiência com a troca (de maneira semelhante na substituição de Daniel por Michel Teló), ainda precisaremos acompanhar os próximos episódios. Na estreia, o The Voice Brasil marcou 25,2 pontos de audiência, registrando o novo recorde nas estreias. Depois de uma temporada decepcionante, com a segunda menor média da história do reality e segunda pior audiência na final, a produção joga todas suas fichas em Ivete.
Brown fez questão de dizer algumas vezes que todos ali eram brasileiros e isso era mais importante que as diferenças.
Programa investe em discurso sobre tolerância
O que mais chamou a atenção na estreia da sexta temporada, no entanto, foram os inúmeros discursos de tolerância, utilizados de forma recorrente no programa, tanto nas falas dos técnicos (Brown fez questão de dizer algumas vezes que todos ali eram brasileiros e isso era mais importante que as diferenças), quanto na apresentação de alguns dos candidatos.
Logo no início, a congolesa Isabel Antonio teve sua história contata aos espectadores. Refugiada da guerra em seu país, ela chegou ao Brasil e, meses depois, passou a fazer parte de um coral liderado pelo maestro João Carlos Martins. Escolhida para fazer parte do time de Carlinhos Brown, Isabel viu os técnicos fazerem questão de abraçá-la e afirmar inúmeras vezes que ela também era brasileira.
Situação semelhante ocorreu com a goiana Day. Em seu vídeo de apresentação, a participante escolhida para o time de Lulu Santos narrou a história em que conhecia sua namorada, motivo que a levou mudar para a São Bernardo do Campo.
Ainda que em ambas situações tenha transparecido um certo didatismo e um excesso de roteirização para chegar ao ponto-chave das histórias, é interessante e saudável que um programa que fala a tantas camadas se disponha a tratar do assunto. No fundo, o interesse da emissora é a audiência, mas isso não significa em hipótese alguma que abordar tais temas se torne menor.