Há 21 anos, a marca Fox desembarcava no Brasil. O canal, que um dia já foi mais conhecido por suas maratonas intermináveis de Os Simpsons, conseguiu um sucesso avassalador no Brasil e uma história muito singular. Em tempos que antecediam a produção nacional de cunho obrigatório, eles saíam na frente e produziam peças extremamente cultuadas como a série 9MM São Paulo, focada em casos de polícia, uma sitcom baseada no filme nacional Avassaladoras (em parceria com a Record TV) e até produções pan-americanas entraram no roteiro, como o suspense Tempo Final, que teve um episódio estrelado por Cynthia Falabella.
O mesmo pode-se dizer da polêmica decisão de dublar toda sua programação em uma época em que a tecla SAP e a opção de legenda não estava presente em todos os receptores da TV paga. E o que poderia ser uma estratégia kamikaze tornou-se um dos maiores acertos de sua história: consolidando-se como um dos canais de maior audiência da TV paga brasileira.
Ao mesmo tempo, novos canais foram lançados, como o FX (este mais embasado em filmes de ação e num público mais masculino), o Fox Life (que já foi um canal feminino, um canal de variedades e hoje serve mais como um “depósito” de séries) e o mais recente e oneroso empreendimento: Fox Sports, um clássico da TV americana que ganhou o nosso país ao investir nos principais campeonatos de futebol e até gerando alguns episódios de inovação, como a primeira equipe formada por mulheres a narrar uma Copa do Mundo. Um golaço do conglomerado americano.
Parece que agora tanto as programadoras quanto as operadoras precisam ter um choque de realidade. Esnobar a TV on demand deixa de ser uma opção inteligente.
Entretanto, esses dias estão chegando ao fim. Em grande parte, pela fusão da Disney com a 21st Century Fox, estima-se que em sete anos ou muito menos, todos os canais irão abandonar o país de vez. Fox, FX, Fox Sports e Fox Life serão limados em escala mundial. Tudo para que a Disney domine o mais novo queridinho das produtoras de televisão: o streaming. A guerra contra a Netflix está anunciada.
O público talvez não perca tanto com isso. Pelo menos o esportivo, até porque a fusão da ESPN (canal de esportes já tradicional no Brasil, pertencente a Disney) com a Fox Sports é dada como certa e as séries e filmes muito provavelmente estarão disponíveis nessa plataforma de streaming nova ou quem sabe, num futuro próximo, talvez o próximo lar dos Simpsons na TV convencional seja no Multishow ou alguma outra do gênero.
Mas, ainda assim, seu prenúncio é aterrorizante. Ainda mais se levarmos em consideração o fim abrupto de outra emissora: o Esporte Interativo da Turner, que após pagar um preço altíssimo por contratos de exclusividade e não ver um retorno financeiro satisfatório, encerrou suas atividades no Brasil e relegou os campeonatos a seus canais de filmes mais populares: TNT e Space.
Até mesmo canais como a Globo News (que, no ano passado, parecia ter atingido seu ápice em audiência e relevância) hoje está em queda livre. M uito se deve, claro, a algumas estratégias equivocadas de programação. Mas o que soa como casos isolados pode também ser um prenúncio futurista nem um pouco legal para os profissionais de comunicação e para o mercado (já deficitário) de TV por assinatura.
Parece que agora tanto as programadoras quanto as operadoras precisam ter um choque de realidade. Esnobar a TV on demand deixa de ser uma opção inteligente e se nem os famosos combos de TV, internet e telefone fixo estão segurando o público, talvez seja a hora dos executivos pensarem na customização ou em outras maneiras de se investir em programação, do contrário… o fim estará mais próximo do que se deseja.