Vivendo ainda o período de celebração de um ano de sua reabertura, a Cinemateca Brasileira lança o projeto Viva Cinemateca, iniciativa que visa revitalizar o acervo, modernizar a instituição e percorrer o país com uma programação itinerante.
A Sociedade Amigos da Cinemateca, responsável pela reconstrução da instituição, anunciou na última quarta-feira, 7, um pacote de projetos e investimentos para preservar e difundir o audiovisual no Brasil.
Um dos principais focos do projeto Viva Cinemateca é a modernização e expansão da sede da Cinemateca Brasileira, localizada na Vila Mariana, em São Paulo. O projeto executivo para as obras já está em desenvolvimento, visando a ampliação dos espaços de laboratórios e a atualização tecnológica.
Essas melhorias garantirão a preservação e a disseminação de mais de 120 anos de história do cinema brasileiro. A reforma também contemplará adaptações na Sala Oscarito e intervenções nos depósitos de acervo, permitindo que mais filmes e documentos sejam preservados e acessíveis ao público.
Preservação e difusão
Dentro do Viva Cinemateca, diversos projetos de preservação do acervo estão em andamento. Um destaque especial é o tratamento da coleção de nitratos, que consiste em filmes em nitrato de celulose datados da primeira década do século 20.
Essa iniciativa visa catalogar, digitalizar e conservar esses registros audiovisuais, preservando uma parte fundamental da história do cinema brasileiro. Durante o evento de lançamento do projeto, foi apresentada uma amostra dos primeiros resultados obtidos.
Outro projeto de grande importância é a conservação, duplicação e difusão dos cinejornais do acervo do Canal 100, o maior acervo cinematográfico do futebol brasileiro. Com imagens de alta qualidade e narrações icônicas, esses cinejornais retratam momentos marcantes da sociedade brasileira entre 1957 e 1986.
Cinemateca Brasileira: a reconstrução após uma tragédia anunciada
Os incêndios na Cinemateca Brasileira levantaram preocupações sobre a preservação do patrimônio cultural e a gestão da instituição.
Enfiada em crises políticas e administrativas há cerca de uma década, a Cinemateca Brasileira passou por duas tragédias no período. Em 2016 e 2021, a instituição cultural sofreu dois incêndios devastadores. O primeiro ocorreu em fevereiro de 2016, atingiu um galpão de armazenamento de filmes e materiais inflamáveis. Já o segundo incêndio, em julho de 2021, consumiu outro galpão, colocando em risco o acervo histórico do audiovisual brasileiro.
Os incêndios na Cinemateca Brasileira levantaram preocupações sobre a preservação do patrimônio cultural e a gestão da instituição. Em agosto de 2020, a administração da Cinemateca voltou para o governo federal, com o fim do contrato com a Organização Social (OS) Associação Comunicação Educativa Roquette Pinto (Acerp), não renovada pelo então ministro da Educação, Abraham Weintraub. Em abril de 2021, trabalhadores da instituição manifestaram preocupação com a situação precária do local.
Entre o acordo com a nova gestora e a reabertura da Cinemateca, foram longos oito meses. A expectativa é que os eventos trágicos tenham feito o poder público compreender a importância de investir em medidas preventivas e na manutenção adequada das instituições culturais para preservar o legado histórico e artístico do país.
Programação itinerante
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Para promover o novo momento da instituição, uma campanha de mídia com abrangência nacional deverá entrar em vigência, apresentando os objetivos da Viva Cinemateca. A organização também planejou atividades para o segundo semestre de 2023.
A mostra itinerante “A Cinemateca é Brasileira” percorrerá diversas cidades brasileiras com uma seleção de 17 filmes que representam diferentes momentos históricos, estéticas e temáticas do cinema nacional.
Entre agosto e dezembro, espaços culturais e salas de exibição de Belo Horizonte, Brasília, Canaã dos Carajás (PA), Curitiba, Fortaleza, João Pessoa, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luiz e Vitória receberão filmes que demonstram a riqueza e pluralidade do cinema feito no Brasil.
A programação também incluirá debates, mostras nacionais, exposições e ações educativas, buscando promover o acesso à cultura cinematográfica em todo o país. Para julho, o Festival Cultura e Sustentabilidade discutirá a agenda ESG, refletindo o tema para instituições e projetos culturais.
A campanha Viva Cinemateca, aprovada na Lei Rouanet, terá divulgação chegando à mídia nos próximos dias, apresentando os objetivos do projeto com cronograma de abrangência nacional.
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