Mal pisou na calçada e já encontrou a pretendente ideal. Bonita, elegante, meio pequena mas, pensando bem, tinha a medida certa. Sorte.
Resolveu segui-la pra ver no que dava. Não tinha nada a perder, mesmo, além de umas calorias. E se tudo desse certo, valeria a pena.
Foram muitas, muitas calorias. Depois do sétimo quarteirão, pensou em desistir, “mas tô com um bom pressentimento, vou tentar só mais um pouco”. Continuou, ofegante, com passos curtos.
“Resolveu segui-la pra ver no que dava. Não tinha nada a perder, mesmo, além de umas calorias.”
Começou a se aproximar e a viu entrando na lanchonete. Esperou do lado de fora, aproveitando para descansar um pouco. Ele merecia, depois de tanta persistência.
Dez minutos. Ela saiu e um, dois, três, quatro, cinco passos depois, tchãrãn: ele a alcançou! Segurou com uma mão só, “é, tamanho perfeito”. Correu o mais rápido que conseguiu.
-Socorro, aquele cara roubou minha bolsa! Pega ladrão!
“Pega ladrão”, pensou, “tanta correria pra uma resposta previsível”. Desapareceu no meio da multidão, com mais um troco garantido.