Tensão no ginásio. Um minuto e tudo acaba, um minuto e a gente descobre se irá sair daqui comemorando ou lamentando. Mas como custa a passar esse minuto! Esse minuto pode durar cinco, pode durar dez. Porque a toda hora alguém faz uma falta, e faz de propósito mesmo, pois a falta também é uma estratégia de jogo. A cada falta o cronômetro para, o minuto se estende, o nervosismo aumenta. Já não há mais ninguém sentado, ninguém tem tanta calma assim. Viemos aqui para ver uma vitória, pagamos ingresso na expectativa de sairmos vencedores, e eis que de repente tudo fica para ser decidido no fim, no último minuto do jogo. Olho para as minhas mãos: estou tremendo. E meus dentes batem descontroladamente.
Realmente, eu não imaginaria que seria desse jeito quando vim pela primeira vez, quando quis apenas passar o sábado de um jeito diferente. Não conhecia muito bem as regras, não via muita graça em um esporte jogado com as mãos, um esporte que nem gol tem. O gol, no futebol, é um acontecimento raro, que deve ser buscado diligentemente durante 90 minutos. Às vezes não acontece um único durante toda a partida. É natural que se comemore muito quando um gol acontece. Ao passo que aqui, nesse esporte jogado com as mãos, o gol é uma cesta, e as cestas não são raras, elas acontecem a cada instante. Diante de tamanha banalização, haveria alguma chance de a partida provocar fortes emoções como no futebol? Era o que eu me perguntava, na primeira vez que vim – só na primeira.
Porque eu descobri o seguinte: nada que acontece em uma partida de basquete é trivial. Os jogadores estão sempre a um passo da transcendência. Não se pode tirar o olho da quadra e nenhuma vitória pode ser dada como certa – por vezes, derruba-se uma vantagem de 20 pontos. A torcida se levanta, grita e comemora a cada contra-ataque fulminante, a cada cesta de três, a cada toco na defesa. Uma partida de basquete é uma página de literatura russa. Sobretudo essas que chegam ao minuto final com as duas equipes empatadas. Aí, meu amigo, haja coração.
Uma partida de basquete é uma página de literatura russa.
Dez segundos para acabar e nós temos dois lances livres para cobrar. Se fizermos, empatamos de novo, mas se errarmos dificilmente teremos tempo para reagir. Por toda a parte as pessoas estão com a mão na cabeça ou em atitude de quem está rezando. Há até quem prefira dar as costas para o jogo. Sabemos que tudo pode estar sendo decidido ali, e temos medo dessa decisão. Cai a primeira bola. Respiramos aliviados. A segunda bate no aro, fica girando antes de cair, como que para fazer a gente sofrer um pouco mais. Partida empatada, o técnico deles pede tempo. Eu falei, esse último minuto dura cinco, dura dez.
O que acontece depois, no entanto, é muito rápido. O jogo recomeça, eles se atrapalham, a gente recupera a bola, vai para o ataque e faz a cesta faltando apenas quatro segundos. Pulamos, berramos, a vitória é nossa, acabou, acabou! Só que aí, enquanto a gente vibra, eles lançam a bola lá de trás, um jogador recebe, escapa do nosso marcador e faz a cesta de empate, bem no estouro do cronômetro. O jogo termina e vai para a prorrogação.
Mas isto, é claro, apenas para os sobreviventes.