Estações de trem, rodoviárias e aeroportos são espaços públicos onde a vida transita com potência emocional gigantesca. Lembro-me que, quando saí de casa pela primeira vez, para uma longa temporada longe da família e dos amigos, parti para o mundo sem saber que, ali, na plataforma de embarque, estava assinando um contrato simbólico e definitivo com minha própria existência: a partir daquele momento, sempre estaria longe de algum lugar.
Criaria laços de afetividade, vínculos de amizade e escreveria histórias que, de alguma forma, alterariam meu destino, minha percepção de mundo, e me ensinariam o significado de palavras ainda meio vagas, como distância e saudade. Tudo ficaria mais doloroso, talvez, porém mais complexo, intenso e verdadeiro.
Talvez por conta dessa experiência, as despedidas nesses locais se tornaram uma espécie de ritual que, pelo menos para mim, guardam toda uma poesia, nem sempre evidente. Esteja eu a partir ou a dizer adeus a alguém importante, querido.
Há nesses terminais de chegadas e partidas, encontros e despedidas, como diz a tocante letra da canção de Milton Nascimento e Fernando Brandt, um fluxo contínuo de emoções, pois os ônibus, trens ou aviões que chegam, também levam histórias, que são tantas e diversas quanto os passageiros e os que deles se despedem.
Há nesses terminais de chegadas e partidas, encontros e despedidas, como diz a tocante letra da canção de Milton Nascimento e Fernando Brant, um fluxo contínuo de emoções e expectativas, pois os ônibus, trens ou aviões que chegam, também levam histórias, que são tantas e diversas quanto os passageiros e os que deles se despedem, ou os aguardam.
Filhos que dizem adeus aos pais, amigos que se tocam sem saber quando se verão novamente, apaixonados que buscam estender a proximidade, o bem-querer até o último segundo, eternizando abraços, beijos e olhares que parecem guardar o desejo de que o tempo pare. O adeus se estende nos corações de quem parte e de quem fica, horas depois da partida.
É a intensidade única da transitoriedade e da impermanência, misturada à promessa de um aguardado reencontro, que fazem desses terminais metáforas edificadas da vida que segue, sempre em movimento.