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Vicente Salles e ‘O negro na formação da sociedade paraense’

Coletânea 'O negro na formação da sociedade paraense' reúne textos de Vicente Salles relevantes para compreensão da presença do negro na Amazônia.

porAdriano Abbade
15 de junho de 2018
em Literatura
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Vicente Salles e 'O negro na formação da sociedade paraense'

Imagem: Reprodução.

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A presença dos negros na Amazônia brasileira e a política colonial portuguesa deixaram marcas indeléveis na cultura e no modo de vida da região, profundamente afetada por sua presença, práticas e herança. Essa influência é analisada por diferentes ângulos pelo musicólogo, folclorista, antropólogo e historiador paraense Vicente Salles (1931 – 2013), em O negro na formação da sociedade paraense (Editora Paka-Tatu, 2015).

Obra composta por nove capítulos acompanhados por fotografias, desenhos e partituras musicais, O negro na formação da sociedade paraense esteve esgotado após sua primeira edição, em 2004, sendo reeditado em 2015 por ocasião dos 400 anos de Belém. Nele, o autor amplia a discussão iniciada em O negro no Pará (1971), considerada uma de suas obras mais importantes.

No capítulo inicial, “A escravidão Africana e a Amazônia”, o autor esclarece que um dos aspectos que caracterizou a relação entre colonizadores e escravos negros, era o fato de que o regime escravagista não distinguia os diferentes grupos étnicos africanos sob seu domínio. O contato destes com as manifestações indígenas e com o catolicismo praticado pelos portugueses, permitiu a formação do sincretismo religioso, um amálgama das manifestações da religiosidade africana, europeia e dos índios da Amazônia brasileira.

Para o autor, entre as principais devoções populares assimiladas do catolicismo pelos negros, consta a festividade de São Benedito, tradição cultural e religiosa fortemente presente no município de Bragança, nordeste do Pará, através dos festejos da Marujada. Ocorrido entre 18 a 26 de dezembro, a Marujada chega a ofuscar as festividades natalinas, comenta o historiador.

Heranças africanas

Outra referência recorrente é o campo da literatura, sobretudo a obra de autores paraenses, como Bruno de Menezes (1893 – 1963) e Dalcídio Jurandir (1909 – 1979).

A contribuição do negro para a formação da sociedade paraense vai além de sua influência na culinária, no vocabulário e no folclore regional. A herança africana trazida com os negros pode ser vista também, segundo Vicente Salles, em festas e folguedos como o Marambiré, presente no município de Alenquer, ou o Aiué, encontrada em Oriximiná, região do Baixo Amazonas. Outro legado africano no Pará são os movimentos do Retumbão, espécie de samba de roda apresentada durante a Marujada de Bragança. Vicente Salles cita a observação feita por Luís da Câmara Cascudo (1898 – 1986), que percebeu no Retumbão as mesmas características das batidas de pé presentes em danças na Guiné Portuguesa.

No Estado vizinho do Amapá, Salles aponta a presença do Marabaixo como uma das heranças africanas na região. O Boi-Bumbá amazônico é, também, um elemento que compõe o patrimônio da cultura negra, “certamente o folguedo nacional de maior significação estética e social”, espécie de “farsa popular antiescravista”. Do mesmo modo, a capoeira, que sobreviveu à escravidão e continuou sendo praticada e aperfeiçoada pelos libertos, como “seu próprio sistema de defesa” diante das ameaças dos capitães do mato, por exemplo. Citando Câmara Cascudo, Vicente Salles aponta sua origem em Angola, “derivado do n’golo de Benguela e da bassula de Luanda”.

Em Belém, a crônica dos jornais da época é abundante em associar a prática da capoeira à promiscuidade, “a gente vil ou ralé, vadia, turbulenta”. O preconceito dispensado era o mesmo quando se tratava de abordar o batuque, o carimbó ou o samba (recentemente, um cantor sertanejo reproduziu semelhante discriminação em cadeia nacional, referindo-se ao samba como “coisa de bandido”).

O negro na Cabanagem

Durante o Período Regencial, no qual eclodiu a Cabanagem (1835 – 1840), a ponta da pirâmide social na província do Grão-Pará era ocupada pela elite portuguesa (famílias lusas), seguida pelas classes mais baixas (negros e índios). “Um de seus aspectos mais importantes”, comenta o autor sobre a Cabanagem, “é precisamente a análise da intervenção das classes populares dos campos e das cidades nos destinos políticos da província do Grão-Pará com o fim especial de modificar o status quo” (p. 41).

Nesse contexto, negros libertos e escravos da província do Grão-Pará tiveram participação direta nos episódios sangrentos da Cabanagem. O movimento que durante alguns anos sacudiu a ordem econômica e social vigente na Amazônia, contou com a participação ativa de alguns negros, registrados apenas como negro Cristóvão, “que comandou uma força de perto de 150 homens e era escravo do engenho de Carapuru”, ou negro Félix, que esteve à frente de mais ou menos 400 “mocambeiros”.

As referências de Vicente Salles são amplas e abrangem diferentes áreas do conhecimento. Suas pesquisas em torno dos jornais que circularam na província do Grão-Pará possuem grande valor histórico e sociológico.

O negro na formação da sociedade paraense é um livro relevante para os estudos sobre a presença e os costumes do negro no Pará e na Amazônia. Sua segunda edição permite a circulação de uma obra valiosa para quem se interessa pela cultura e pela História do Brasil.

O NEGRO NA FORMAÇÃO DA SOCIEDADE PARAENSE | Vicente Salles

Editora: Paka-Tatu;
Tamanho: 260 págs.;
Lançamento: 2004.

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Tags: ÁfricaAfrica BrasilAmazôniaBook ReviewCabanagemcapoeiraEditora Paka-TatuescravidãohistóriaHistória do BrasilLiteraturanegrosO negro na formação da sociedade paraenseParáVicente Salles

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