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‘Solução de dois Estados’: um enigma chamado Brasil

Em 'Solução de dois Estados', Michel Laub parte de uma guerra privada para escancarar a realidade brasileira.

porJonatan Silva
27 de novembro de 2020
em Literatura
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‘Solução de dois Estados’: um enigma chamado Brasil

Michel Laub faz de seu livro um romance interpretativo inteligente e necessário. Imagem: Renato Parada/Reprodução.

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Não é de hoje que o Brasil é um enigma. Do mito do país do futuro para uma república declaradamente obscurantista e conservadora não foram necessárias muitas décadas. A literatura brasileira contemporânea tem, justamente, ficando raízes na tentativa de resolver os teoremas sociais que moldam o país. Julián Fuks, com A Ocupação, investiga o espaço urbano, Paulo Scott, em Marrom e amarelo, a gênese e o desdobramento do racismo, enquanto em Solução de dois Estados, Michel Laub explora os abismos que separam o Brasil desde as jornadas de junho, em 2013, e que desembocaram na eleição de Jair Bolsonaro, cinco anos mais tarde.

O romance, construído como um documentário, apresenta a relação conflituosa de dois irmãos – Raquel, uma artista de 130 kg, e Alexandre, um guru miliciano escondido atrás da fachada de sua academia – e que é intermediada por Brenda, cineasta alemã cujo marido foi assassino no Rio de Janeiro.

A partir dessa vertigem familiar, o escritor gaúcho percorre a história brasileira, principalmente a Era Collor, para espelhar as matizes que dão corpo à realidade do país. Como Cristovão Tezza em A tensão superficial do tempo, Laub investiga os sintomas de um povo doente e carente cuja solução para a renovação é a explosão das instituições. Sob essas duas perspectivas, o livro é um enfrentamento das muitas crises que abalam o Brasil e que deixam a nação de joelhos.

Da mesma maneira que em O tribunal da quinta-feira, publicado em 2016, Michel Laub parte do indivíduo para compreender o todo, em uma busca de respostas capazes de oferecer uma explicação, mas que acabam por esbarrar na impossibilidade e no silêncio diante das pequenas feridas cotidianas.

Como em um jogo de luz e sombra, Solução de dois estados compõe um mosaico da polaridade e do radicalismo.

Entre contradições e certezas absolutas, Raquel e Alexandre usam suas próprias interpretações dos fatos para criar aquilo que imaginam ser as suas memórias e lançam sobre Brenda uma avalanche de acusas e ressentimentos. Como em um lance de dados, a cineasta se torna também uma vítima nessa rinha familiar e íntima.

Nessa colcha de retalhos existe uma complexa elucubração e emulação da realidade – algo que presente em O Gato diz adeus e Música ao longe, e que é a gênese de A Maça envenenada. Ainda assim, é somente ao travar essa guerra particular, e política, que Laub amadurece essa concepção narrativa e consegue dar fôlego à estratégia, que ganha corpo e dá força ao livro.

Luz e sombra

Como em um jogo de luz e sombra, Solução de dois estados compõe um mosaico da polaridade e do radicalismo. Tal qual a tentativa de paz entre Israel e Palestina, e que dá nome ao romance, a história os irmãos é um poço sem fundo, um mergulho no absurdo cotidiano.

Em Segundo tempo, novela publicado por Laub no final dos anos 2000 e um dos seus melhores trabalhos, o autor já esboçava a relação entre irmãos e as consequências da formatação de uma história única. No livro mais recente, o sentido é contrário: a confusão causada pelas inúmeras histórias que se cruzam, mas que jamais se fundem.

Laub faz de Solução de dois Estados um romance interpretativo, sem trazer uma elucidação definitiva, mas que maximiza a dúvida ao propor uma reflexão inteligente e necessária.

SOLUÇÃO DE DOIS ESTADOS | Michel Laub

Editora: Companhia das Letras;
Tamanho: 248 págs;
Lançamento: Outubro, 2020.

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Tags: Book ReviewCompanhia das LetrasCristovão TezzaCrítica LiteráriaJair BolsonaroJulián FuksLiteraturaLiteratura BrasileiraMichel LaubPaulo ScottResenhaSolução de dois Estados

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