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‘Vale Tudo’ opta pela manutenção do melodrama

Escrita por Manuela Dias, nova versão de 'Vale Tudo' enfrenta o desafio de atualizar uma história extremamente contemporânea em 1988 ao trazê-la para 2025.

porMaura Martins
27 de abril de 2025
em Televisão
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Elenco da nova versão de 'Vale Tudo'. Imagem: TV Globo / Divulgação.

Elenco da nova versão de 'Vale Tudo'. Imagem: TV Globo / Divulgação.

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Muita gente se pergunta para onde vão as novelas, que são provavelmente o mais genuíno produto de entretenimento popular gerado no Brasil. Se outrora essas narrativas seriadas ditavam o que ocorria (ou menos sobre o que se falava) no país, hoje elas dividem espaço com tramas mais complexas e cheias de camadas, elaboradas e exibidas em muitas plataformas de streaming.

Um dos possíveis sintomas dessa falta de clareza sobre o futuro viável para as novelas talvez se revele na alta quantidade de remakes produzidos pela Globo. Antes mais pontuais (vide, por exemplo, Cabocla, Irmãos Coragem, entre outras), hoje essas adaptações são tendência na emissora e ocupam o horário nobre. Primeiro foi Pantanal, seguida por Renascer, e agora Vale Tudo, a nova e propagandeada versão do folhetim criado em 1988 por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères – e que, para muitos, é a obra máxima do gênero.

Manuela Dias, a autora escolhida para escrever a nova Vale Tudo, tinha uma tarefa ingrata nas mãos, uma vez que as cobranças – da emissora e, sobretudo, dos espectadores engajados, hoje presentes nas redes sociais e sempre dispostos a dar a sua opinião – eram (e serão) altas. E a julgar pelo primeiro mês da atração, a novela pode ser vista como um sucesso. Se não nos tradicionais números de audiência, pelo menos na quantidade e no nível de debate que pode vir a gerar.

‘Vale Tudo’: é possível atualizar um clássico?

Centrada em uma temática que nunca morre (a discussão sobre se é possível viver honestamente neste país), a trama protagonizada por Raquel (Taís Araújo) e Maria de Fátima (Bella Campos) está mais atual do que nunca. O fato é que, frente a incontáveis recessões, jamais deixamos de ser um povo em que todos lutam por sobrevivência, em um constante “cada um por si e Deus por todos”. Já fazia sentido em 1988, e segue ainda mais relevante na contemporaneidade, em que os golpes se sofisticaram enormemente.

Um dos grandes desafios de Manuela Dias é trazer os mesmos tópicos levantados por Gilberto Braga em uma linguagem oral mais contemporânea.

Mas a questão que tento trazer aqui é a forma pela qual Manuela Dias tem optado para falar sobre isso – a tal da narrativa, que também se atualiza de acordo com as mudanças sociais. Ou seja, os dramas vividos pelos personagens urbanos de Gilberto Braga no século passado certamente requisitam novas formas para se apresentar. E, não por acaso, boa parte da cobrança nas redes sociais tem sido de pessoas que fazem comparativos entre as duas versões – sem uma boa adaptação, a cultuada novela pode soar ingênua nos tempos contemporâneos.

Há quem já esteja falando de um novo “gênero”, ao menos na esfera do consumo: a novela comparada. E é claro que, quem faz esse trabalho de “detetive nostálgico do passado”, sempre vai colocar a primeira versão como superior. Embora essa seja discussão complexa (e observar a nova Vale Tudo sempre em comparação ao clássico é, para dizer o mínimo, a forma mais rápida de estragar a fruição da novela), há uma discussão importante que diz respeito ao anacronismo – que, por sua vez, se relaciona com a expectativa de verossimilhança.

Não se pode cobrar que as novelas sejam reais, pois essa não é uma cobrança possível a obras de ficção. Por outro lado, espera-se das obras que se pretendem realistas que tenham verossimilhança, ou seja, que pareçam ser reais. Em certa medida, isso foi obtido na primeira semana de Vale Tudo, com alguns lapsos que sugerem certos deslizes em uma super produção tão anunciada pela Globo.

Já nos primeiros capítulos, houve alguns descuidos visíveis, como uma ambientação claramente artificial, gritando “cidade cenográfica” – o bar de Poliana (papel de Matheus Nachtergaele) é um exemplo. Mas há ainda elementos que ajudam a enterrar a tal da suspensão da descrença, que dizem respeito principalmente à ingenuidade de alguns personagens. Foi bem difícil acreditar que Raquel, em pleno 2025, levaria tanto tempo para cair na real sobre o caráter da filha. O mesmo pode ser dito sobre o grupo comandado por Solange (Alice Wegmann), todos exemplares da geração Z, engoliriam de forma tão passiva a malandragem de Maria de Fátima.

‘Vale Tudo’ e a manutenção do melodrama

Outro aspecto que chama a atenção envolve a atualização (necessária) ao texto. Uma vez que Vale Tudo é essencialmente uma novela que fala de aspectos da vida urbana, é mais do que esperado que os personagens carreguem em suas falas expressões condizentes com o seu momento histórico.

Ou seja: um dos grandes desafios de Manuela Dias é trazer os mesmos tópicos levantados por Gilberto Braga em uma linguagem oral mais contemporânea, que ilustre os grandes temas (típicos do melodrama) mas não pareçam didáticos de uma forma caricata.

Um dos grandes desafios de Manuela Dias é trazer os mesmos tópicos levantados por Gilberto Braga em uma linguagem oral mais contemporânea.

Em vários momentos, isso funciona. Mas, de modo geral, o roteiro tem se mostrado artificial em um sentido que extrapola a própria artificialidade inerente do gênero. Muitas falas dos personagens, inclusive, são tão óbvias que parecem ser escritas para serem ouvidas por crianças, e são excessivamente ligadas a discursos politicamente corretos.

Hilariamente, Vale Tudo ganhou nas redes sociais o apelido de “Vale Lacre”. Mais uma vez: não há problema que a novela tente esclarecer aos espectadores sua posição sobre certos temas. A questão é que isso não é feita de uma forma sutil e arrojada, mas de uma maneira que, muitas vezes, parece menosprezar o espectador.

Todos os pontos trazidos neste texto, no entanto, só fazem sentido à luz da primeira questão: para onde vão as novelas? E vale a pena seguir fazendo novelas com o mesmo padrão melodramático – ou seja, exageradas, hiperbólicas, pouco críveis em alguns momentos – em 2025, em que as narrativas tidas como mais “reais” (na falta de palavra melhor) costumam ser concretizadas pelas grandes produtoras e louvadas pelos críticos?

Obviamente, não há uma resposta simples a essa questão. Trago aqui a provocação do mestre Chico Barney que, em uma interação sobre a falta de realismo no folhetim, acrescentou, de forma perspicaz que Vale Tudo “parece novela em vez de verdade”.

As sábias palavras de Chico Barney. Imagem: X / Reprodução.

O sucesso recente de Beleza Fatal parece nos mostrar que, sim, ainda há um desejo por narrativas assumidamente estrambólicas, concebidas dentro daquilo que o crítico literário Peter Brooks caracterizou como uma “estética do assombro”, explorando pontos como a “ênfase no excesso, a polarização da moralidade, a clara e redundante legibilidade do texto, a hiperdramatização do conflito das forças que regem o âmbito social”.

Dito de outra forma, o melodrama não é, e nem pretende, parecer real, mas sim justamente um extravaso às limitações da vida cotidiana. Se as coisas parecem over, não é por acaso, mas sim por uma estratégia de comunicação popular. A Vale Tudo de Manuela Dias, ao escolher a manutenção do tom melodramático, com personagens sempre um tom acima e a abordagem de dramas tidos como universais, continua seguindo o mesmo caminho trilhado por Gilberto Braga e sua equipe em 1988.

Se há uma medida para que isso deixe de fazer sentido e comece a cansar o espectador, os próximos meses de Vale Tudo poderão nos dizer. E talvez apenas isso – o fato de que nos proporcione uma avaliação sobre a permanência do gênero – já seja argumento suficiente para um remake.

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Tags: Aguinaldo SilvaGilberto BragaLeonor BassèresManuela DiasNovelaVale Tudo

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