Domingos Oliveira teve a sensibilidade de atrair o público adolescente para o teatro. Há quase três décadas, o dramaturgo, ator e cineasta, que morreu aos 82 anos no dia 23 de março, foi responsável por levar aos palcos um dos maiores sucessos da história das artes cênicas brasileira: Confissões de Adolescente.
A partir dos diários da filha, a atriz Maria Mariana, Oliveira ajudou a organizar pensamentos e relatos que serviriam de base para outras iniciativas e que também renderam versões para a tevê e cinema. Após a estreia no porão da Casa de Cultura Laura Alvim, no Rio de Janeiro, em 1992, a montagem logo caiu no gosto do público e da crítica especializada, tornando-se um fenômeno e ocupando os mais cobiçados teatros e espaços de eventos do país.
Além de Maria Mariana, Carol Machado, Patrícia Perrone e Ingrid Guimarães formavam o elenco original da peça, dirigida por Domingos Oliveira, que reuniu, em diferentes períodos, nomes como Gabriela Duarte, Carolina Dieckmann, Deborah Secco, Clarice Falcão e Sophia Abrahão. Aliás, o espírito jovem era marca registrada do dramaturgo.
Em entrevista ao O Globo, Kaio Caiazzo, 26 anos, que trabalhava como assistente de direção de Domingos, explicou que o artista estava dedicado a muitos projetos – um deles, por exemplo, é o roteiro de Todo Mundo Ainda Tem Problemas Sexuais, sequência da comédia Todo Mundo Tem Problemas Sexuais, de 2008. “Não se trata de uma continuação. É um novo filme, com novo elenco, tratando de temas da sexualidade de hoje. O debate e os costumes sexuais mudaram muito nos últimos dez anos. O Domingos, com toda a gaiatice dele, era muito antenado. Ele era o mais jovem da gente”, falou.
‘Confissões de Adolescente’ fez uma gloriosa trajetória: alcançou êxito editorial (mais de 200 mil livros vendidos), ficou anos em cartaz nos teatros de todo Brasil, revelou muitos talentos, virou série de tevê (que marcou a estreia da atriz Deborah Secco), retornou aos palcos, com texto atualizado pelo cineasta Matheus Souza com a colaboração da atriz e cantora Clarice Falcão, e também invadiu os cinemas, em 2013.
Tabu
Com Confissões de Adolescente, assuntos tidos como proibidos, considerados tabus, começaram a ganhar mais espaço na mídia, na escola e nas próprias famílias. Em sua conta no Instagram, Ingrid Guimarães, uma das mais bem-sucedidas atrizes brasileiras, que coleciona vários sucessos de bilheteria no cinema, relembrou a importância do Domingos em sua vida: “Talvez se não fosse por você eu não estivesse aqui. Você teve olhar sobre mim aos 17 anos num curso de teatro e disse que eu era engraçada. Depois me chamou pra fazer Confissões de Adolescente e mudou minha vida com uma toalha amarela na minha cabeça. Você me disse que era pra fazer dos meus esquetes o meu mundo. E aqui estou até hoje. Você dizia que a finalidade da arte é ensinar os homens a viverem melhor. E ontem cantamos e celebramos sua vida. Obrigada por formar nosso olhar pra arte. Aplausos pra Domingos Oliveira”, comentou.
Confissões de Adolescente fez uma gloriosa trajetória: alcançou êxito editorial (mais de 200 mil livros vendidos), ficou anos em cartaz nos teatros de todo Brasil, revelou muitos talentos, virou série de tevê (que marcou a estreia da atriz Deborah Secco), retornou aos palcos, com texto atualizado pelo cineasta Matheus Souza com a colaboração da atriz e cantora Clarice Falcão, e também invadiu os cinemas, em 2013.
Domingos Oliveira tornou-se o melhor amigo de todos os adolescentes brasileiros. Antes de Confissões de Adolescente, por exemplo, foi responsável pelo seriado Ciranda Cirandinha, exibido pela Rede Globo em 1978, que apresentava dramas, conflitos, sonhos e dificuldades de relacionamento vividos por quatro jovens no final da década de 1970. Por esses e outros projetos, merece todos os aplausos e com certeza ainda vai inspirar muitas gerações com sua obra e exemplos marcantes.